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A ascensão do pregador mirim Miguel Oliveira: um sintoma da crise teológica na igreja evangélica brasileira

Miguel Oliveira, um adolescente de apenas 14 anos, tornou-se recentemente uma figura de grande destaque — e também de profunda polêmica — no cenário evangélico brasileiro. Com mais de um milhão de seguidores no Instagram e vídeos que viralizam nas redes sociais, Miguel é conhecido por suas pregações carregadas de “revelações”, supostas profecias e uma série de performances que mais lembram espetáculos teatrais do que ministrações bíblicas. Para alguns, ele é visto como uma promessa de liderança espiritual; para outros, uma evidência clara da decadência teológica que atinge vastos setores da igreja evangélica brasileira.

As críticas não são poucas. O pastor Flávio Amaral, líder do ministério Libertos por Deus, denunciou a prática de Miguel, chamando-o de “aprendiz de feiticeiro” e expondo que seus cachês para pregar variam entre R$ 5 mil e R$ 10 mil. Amaral ainda desafiou os pastores que convidam Miguel a chamá-lo sem cobrar cachê — apenas custeando suas despesas — duvidando que o jovem missionário aceitasse a proposta, sugerindo, assim, que seu ministério é movido por interesses meramente financeiros.

Além disso, líderes mais experientes, como o pastor Hernandes Dias Lopes, já alertaram para o problema de se colocar crianças e adolescentes nos púlpitos. Hernandes destaca, por exemplo, que “uma criança de seis anos, por mais precoce que seja, não tem o conhecimento necessário para pregar”, lembrando que o exercício da pregação exige não apenas entusiasmo, mas maturidade espiritual, discernimento e profundo enraizamento nas Escrituras.

O caso de Miguel Oliveira se torna ainda mais alarmante quando se observam as chamadas “performances pirotécnicas” que ele promove durante suas pregações. Saltos, piruetas, correria desenfreada pelo palco e gesticulações exageradas se misturam a gritos e declarações supostamente proféticas — um verdadeiro espetáculo que apela mais para a emoção e o entretenimento do que para a edificação do povo de Deus. Tais práticas não apenas desrespeitam a solenidade da ministração da Palavra, mas transformam o culto em um show de vaidades humanas, em franca oposição ao padrão bíblico de reverência e sobriedade.

Essa situação nos remete a um princípio claro das Escrituras: o púlpito deve ser ocupado por homens maduros e experimentados na fé. O apóstolo Paulo, ao instruir Timóteo, exorta que o bispo deve ser “irrepreensível, esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro e apto para ensinar” (1Tm 3:2). Ensinar e liderar o povo de Deus não é tarefa para neófitos, muito menos para crianças e adolescentes ainda imaturas, emocional e espiritualmente.

O fenômeno Miguel Oliveira, infelizmente, não é isolado. Trata-se do fruto de um terreno fértil que tem sido preparado há décadas, ganhando palco, especialmente nos ambientes pentecostais e neopentecostais, devido a inexistência de uma tradição teológica consistente e a precariedade no discipulado bíblico. Essas igrejas, em sua maioria, abriram largo espaço para práticas sensacionalistas, para o subjetivismo religioso, para o misticismo e para uma religiosidade emocional que despreza o ensino bíblico sistemático e sólido. Tornaram-se verdadeiros celeiros de falsas profecias, visões fantasiosas e má teologia — uma combinação que rapidamente se alastra e afasta o povo da centralidade das Escrituras.

Pergunta-se, inclusive, se em muitos casos essas igrejas tiveram alguma vez uma relação séria e fidedigna com a Palavra de Deus. A superficialidade doutrinária, a manipulação emocional das massas e a banalização do ministério da Palavra são marcas presentes e preocupantes. O ensino apostólico deixa claro que, quando o povo é entregue a líderes imaturos e despreparados, trata-se, muitas vezes, de um juízo divino. Como disse Isaías, “Porei meninos como seus príncipes, e crianças dominarão sobre eles” (Is 3:4) — uma sentença de vergonha e degradação para uma nação que rejeita a direção de Deus.

Contudo, apesar de todas as graves discordâncias teológicas que expusemos, é necessário enfatizar que agressões verbais, insultos e xingamentos dirigidos ao adolescente Miguel Oliveira, como temos visto na internet, são absolutamente inaceitáveis — ainda mais quando praticados por pessoas que se identificam como cristãs. A confrontação de práticas heréticas e a denúncia de um falso evangelho devem ser realizadas por meio da fiel exposição das Escrituras e com a consciência de que este jovem, se for humilde para aceitar, precisa ser instruído e discipulado no caminho correto. Além disso, é imprescindível que os líderes de igrejas assumam sua responsabilidade, compreendendo que abrir o púlpito para tais práticas tem exposto o movimento evangélico à vergonha pública e ridicularização. A restauração da saúde da igreja passa, necessariamente, pela seriedade com que tratamos a Palavra de Deus e pela urgente formação de ministros verdadeiramente preparados para pastorear o rebanho de Cristo. Portanto, Miguel precisa ser advertido e instruído em amor, para que entenda que suas ministrações não retratam o verdadeiro evangelho de Cristo, mas uma grave distorção das práticas bíblicas.

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