Você já parou para pensar em como Deus lida com a humanidade, especialmente com o problema do pecado que todos nós herdamos desde o início? Esse é um tema muito importante na teologia cristã, pois está ligado a dois conceitos fundamentais: eleição e reprovação. Uns se assustam com os conceitos atrelados a esses termos; outros se revoltam, mas saiba que, esses conceitos estão presentes na Bíblia. Embora os conceitos de eleição e reprovação pareçam difíceis de compreender, eles nos ajudam a entender quem somos diante de Deus e como a salvação acontece.
Quando começamos a estudar a Bíblia com seriedade e dedicação, especialmente sobre o tema da eleição, ou qualquer outro relacionado a soteriologia bíblica (doutrina da salvação), precisamos partir de uma premissa fundamental: todos pecaram. A Bíblia afirma que toda a humanidade caiu em pecado em Adão e, por isso, merece a condenação eterna. Ninguém, por si só, é justo, bom ou digno de salvação. Não existe uma única pessoa que consiga, por esforço próprio, alcançar o favor de Deus. Essa realidade precisa ficar clara desde o início. Quem acredita que merece a salvação por seus méritos ou por qualquer coisa que tenha feito ou ainda possa fazer, distorce o ensino bíblico sobre a graça e o pecado.
A salvação, portanto, não nasce dentro de nós. Deus é quem toma a iniciativa e oferece a salvação por meio da sua graça, através de Jesus Cristo. Isso quer dizer que a salvação é um presente e não uma recompensa. Neste primeiro artigo, vamos refletir sobre três verdades essenciais para entender esse tema: a culpa universal da humanidade, o amor de Deus revelado em Cristo e a forma como Deus oferece a salvação por meio da pregação do evangelho.
Eleição e reprovação: toda a humanidade carrega culpa diante de Deus.
A Bíblia ensina que todos os seres humanos pecaram em Adão e, por isso, herdaram as consequências da Queda. Isso não é mera conjectura ou invenção teológica, mas uma doutrina claramente ensinada nas Escrituras. Adão foi o representante federal da humanidade; assim, todos os que descendem dele compartilham dos efeitos do seu pecado. Definitivamente, todos pecaram em Adão.
“…por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte; assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram.” (Romanos 5.12)
Isso significa que, quando Adão desobedeceu a Deus, ele representava toda a humanidade que dele haveria de descender. O pecado dele imputou-se a toda a sua descendência, e por isso, todos que tem parte com o “primeiro Adão”, nascem pecadores, debaixo da maldição divina preanunciada em Gênesis 2:17. Portanto, nós não nos tornamos pecadores por conta dos pecados atuais, mas somos pecadores por natureza; condição esta de onde derivam nossos pecados atuais. Ser pecador é uma condição inata do ser humano.
Portanto, a culpa do pecado é universal, ou seja, ninguém pode se considerar justo diante de Deus por seus próprios méritos.
“…para que se cale toda boca, e todo o mundo seja culpável perante Deus. Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus.” (Romanos 3.19,23)
Diante dessa realidade, devemos reconhecer que, se Deus tivesse decidido deixar toda a humanidade no pecado e condená-la por justiça, Ele não estaria sendo injusto, como alegam indevidamente alguns ao rejeitarem a doutrina da eleição. Se tem algo que toda a humanidade merece, sem exceção, é a condenação eterna, “porque o salário do pecado é a morte” (Romanos 6.23).
Deus manifestou Seu amor: enviou Seu Filho para salvar
Apesar de toda a humanidade estar sob estado de culpa e condenação, Deus, em Sua misericórdia, decidiu agir para salvar pecadores. Ele não tinha obrigação de salvar ninguém, mas escolheu salvar por amor. “Nisto se manifestou o amor de Deus em nós: em haver Deus enviado o seu Filho unigênito ao mundo, para vivermos por meio dele” (1 João 4.9).
“Aqueles a quem ele (Deus) elegeu para a salvação, ele recebeu de misericórdia gratuita, sem qualquer consideração aos seus próprios méritos ou dignidades, mas por amor imerecido os deu ao seu único Filho para ser sua herança.” (John Knox, Sobre Predestinação, p.46. Versão e-book).
Deus enviou Seu Filho, Jesus Cristo, não para oferecer uma chance de salvação, mas para realizar com eficácia a salvação daqueles que o Pai Lhe deu desde antes da fundação do mundo. (João 6:37-39).
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3.16)
“E lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles.” (Mateus 1.21)
“Como também nos escolheu nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele…”
(Efésios 1.4)
A pregação do evangelho aplica a salvação
Mas como essas pessoas escolhidas por Deus chegam à fé? Deus determinou que o meio pelo qual alcançaria os eleitos seria a pregação do evangelho.
“Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados?” (Romanos 10.14–15)
Deus envia pregadores — pastores, missionários, evangelistas — para anunciar a boa notícia da salvação em Cristo. Assim, por meio dessa pregação, o Espírito Santo age diretamente no coração dos eleitos, conduzindo-os ao arrependimento e à fé. Da mesma forma que Deus determinou quem seria salvo, ele também determinou os meios pelos quais os salvos alcançariam a salvação: o anúncio do evangelho.
“Aprouve a Deus salvar os que creem pela loucura da pregação.” (1 Coríntios 1.21)
“Mas nós pregamos a Cristo crucificado… poder de Deus e sabedoria de Deus para os que são chamados.” (1 Coríntios 1.23–24)
“Quão formosos são os pés dos que anunciam coisas boas!” (Isaías 52.7)
Conclusão
Vamos recapitular o que aprendemos neste primeiro artigo:
- Todos os seres humanos são culpados diante de Deus por causa do pecado original, e merecem a condenação eterna.
- Deus, por amor e misericórdia, decidiu salvar alguns, enviando Seu Filho para morrer por eles.
- A salvação é eficazmente aplicada aos eleitos por meio da pregação do evangelho, que os leva à fé e ao arrependimento.
Essa é a base do ensino bíblico sobre a eleição e a salvação: não depende de nós, mas é uma obra soberana e graciosa de Deus, do começo ao fim.
A doutrina da eleição e reprovação é complexa e a exposição deste conteúdo não encerra aqui. Em outros artigos, continuaremos explorando a doutrina da eleição. Nos acompanhe nesta série.
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