Hoje, não são poucos os que se apresentam como apóstolos. Mas segundo a Bíblia, é possível termos apóstolos ainda hoje? Neste artigo, vamos explorar de maneira clara e didática quem foram os apóstolos dos tempos bíblicos. Nosso objetivo é compreender o ministério singular e essencial que desempenharam na fundação da Igreja de Cristo.
Se você é novo na fé, ou mesmo se já caminha há algum tempo, mas ainda tem dúvidas sobre esse tema, este conteúdo certamente ajudará no seu discernimento. Compreender o ensino bíblico sobre os apóstolos é essencial para fortalecer a fé e evitar equívocos. Afinal, a forma como entendemos esse ofício influencia diretamente nossa visão sobre a igreja, sua autoridade e sua missão no mundo. Então, essa questão não é menos relevante do que você possa imaginar.
Com base nas epístolas de Paulo, veremos o que caracteriza um apóstolo verdadeiro, por que esse ofício não se repete hoje e como a igreja deve caminhar à luz disso. Vamos juntos às Escrituras, com humildade e disposição para aprender o plano de Deus para Sua igreja.
Quem Eram os Apóstolos no Novo Testamento?
Para darmos continuidade a nossa jornada, precisamos definir o termo “apóstolo” segundo a Bíblia. No Novo Testamento, apóstolos foram homens escolhidos de forma singular e oficial. Eles receberam uma comissão direta do Senhor Jesus Cristo ressuscitado (Gálatas 1:1).
“Paulo, apóstolo — não da parte de pessoas, nem por meio de homem algum, mas por Jesus Cristo e por Deus Pai, que o ressuscitou dos mortos.”
Sua missão principal consistia em lançar os fundamentos firmes da Igreja (Efésios 2:20). Essa categoria especial inclui os doze discípulos originais e, de maneira extraordinária, o apóstolo Paulo. Ele se via como alguém que chegou “tarde” ou “de maneira inesperada” em relação aos outros apóstolos, talvez por ter sido convertido depois que muitos já haviam sido chamados e enviados. Paulo se refere a si mesmo como um “abortivo” ou “nascido fora de tempo”, “prematuro”, em 1 Coríntios 15:8.
Nesse contexto, portanto, é importante destacar que todos foram testemunhas oculares do Cristo ressurreto, um requisito essencial para o ofício apostólico.
Em Gálatas 1:1, Paulo enfatiza que seu chamado veio diretamente de Cristo, e não de homens: “Paulo, apóstolo, não da parte de homens, mas por Jesus Cristo”. Além dos doze, ele recebeu essa comissão conforme I Coríntios 15:8: “Por último, apareceu também a mim”.
Assim, o chamado ao apostolado sempre partiu do Cristo ressuscitado. Hoje, porém, alguns homens vaidosos, sem cumprir esses requisitos, ordenam-se a si mesmos. Alguns fundam igrejas próprias e se autodenominam apóstolos; outros buscam amigos coniventes para serem ungidos por eles, como se isso, validasse seu “apostolado”.
Quais os Requisitos para Ser um Apóstolo?
Ser apóstolo exigia condições específicas. Primeiramente, era necessário ter visto o Cristo ressuscitado, como Paulo no caminho de Damasco (Atos 9:3-5). Segundo, o chamado vinha diretamente de Cristo, e não de homens, como Paulo destaca em Gálatas 1:11-12.
Além disso, os apóstolos realizavam milagres extraordinários para confirmar sua autoridade. Paulo afirma em II Coríntios 12:12:
“As credenciais do apóstolo foram demonstradas entre vós com sinais, prodígios e milagres”.
Por fim, os apóstolos estabeleceram a doutrina cristã e escreveram o Novo Testamento, que hoje serve como nosso fundamento (Efésios 2:20). Em contraste, os “apóstolos” modernos, muitas vezes produzem livros de autoajuda ou promovem ensinamentos contaminados por heresias, contrários às Escrituras.
Portanto, esse ofício possuía qualificações únicas, impossíveis de replicar atualmente. Paulo reforça a importância de ter visto o Senhor após Sua ressurreição (1 Coríntios 9:1; 15:8) e que o chamado era pessoal, vindo diretamente de Cristo. Além disso, os sinais extraordinários confirmavam sua mensagem (2 Coríntios 12:12) e a autoridade para estabelecer a doutrina, consolidando as Escrituras do Novo Testamento.
Os apóstolos não realizavam milagres parciais. Cegos não recuperavam apenas parte da visão, paralíticos não saíam mancando e mudos não falavam com muita dificuldade. As curas operadas por eles eram completas, evidentes e inquestionáveis. Se tivessemos hoje, pessoas nos moldes dos apóstolos, certamente alas inteiras de hospitais seriam esvaziadas imediatamente. Porém, não é o que se vê.
Por Que Apóstolos Não Existe Hoje?
Os apóstolos formavam um grupo único e limitado aos doze discípulos e ao apóstolo Paulo. Em Apocalipse 21:14, lemos que os nomes dos doze estão nos fundamentos da nova Jerusalém, o que revela sua singularidade no plano de Deus. Paulo, o último a ver Cristo ressuscitado, como afirma em 1 Coríntios 15:8, encerra a sucessão apostólica.
Hoje, ninguém mais pode atender aos requisitos apostólicos. Ver o Cristo ressurreto fisicamente e receber d’Ele uma comissão direta são condições intransferíveis. Atos 1:21-22 mostra que tais critérios eram indispensáveis para a escolha de um apóstolo, sendo utilizados inclusive, na escolha de Matias em substituição a Judas. Logo, qualquer alegação moderna desse título carece de base bíblica.
Além disso, o ofício apostólico tinha natureza fundacional. Efésios 2:20 ensina que a Igreja foi edificada sobre o fundamento dos apóstolos e profetas. Esse fundamento tinha caráter doutrinário para a igreja de todos os tempos, e não tem relação alguma, com sair por aí abrindo igrejas, para que o “fundador” se identifique como Apóstolo. Uma vez lançado o alicerce dos apóstolos, não há necessidade de refazê-lo. Hebreus 1:1-2 confirma que, em tempos passados, Deus falou por meio dos profetas, mas agora falou por meio do Filho.
A Bíblia também não apresenta qualquer ideia de sucessão contínua dos apóstolos. Quando Tiago foi morto, em Atos 12:2, não houve substituição registrada. Isso mostra que o ofício não era perpetuado como ocorre com outros ministérios. Assim, a Igreja deve continuar edificando sobre o fundamento já posto, sem buscar novos apóstolos, até porque eles não existem.
Qual o Legado dos Apóstolos para a Igreja?
Os apóstolos deixaram um legado eterno: o Novo Testamento. Seus ensinos e escritos, como as epístolas de Paulo, guiam a igreja até hoje. Efésios 2:20 afirma que a igreja é edificada sobre o fundamento apostólico. Eles também estabeleceram presbíteros para ensinar e liderar, conforme Atos 14:23: “Constituíram presbíteros em cada igreja”. Esse legado nos chama a estudar a Palavra e viver a doutrina que eles entregaram, sem necessidade de novas revelações.
“Apóstolo” em Sentido Amplo: O Enviado em Missão
Hoje, algumas pessoas se intitulam apóstolos, mas isso contraria a definição bíblica do termo. O ofício apostólico, conforme revelado no Novo Testamento, cessou. Seus requisitos específicos — como ver o Cristo ressurreto e receber comissionamento direto d’Ele — não podem mais ser cumpridos.
Em 2 Timóteo 4:3, Paulo adverte que falsos mestres surgiriam, movidos por desejos próprios. Entendemos, portanto, que pastores e mestres devem edificar a Igreja sobre o fundamento apostólico, e não inventar novos fundamentos. Esse alicerce já foi posto por Cristo por meio dos apóstolos, conforme Efésios 2:20.
É importante lembrar que a palavra “apóstolo” vem do grego apostolos e significa “enviado”. Nesse sentido mais amplo, o Novo Testamento menciona outros “apóstolos”, como Barnabé, em Atos 14:14. Eles eram enviados pelas igrejas para missões específicas, mas não exerciam o ofício apostólico fundacional como os Doze ou Paulo.
Esses enviados não possuíam autoridade para estabelecer doutrina ou escrever Escrituras. Por isso, embora o termo “apóstolo” possa ser usado de forma genérica, seu uso hoje deve ser feito com cuidado. Para evitar confusão, preferimos a palavra “missionário”, vinda do latim e com significado semelhante. Porém, parece que os “apóstolos” atuais, não veem muito glamour no termo “missionário”. Comumente, optam pelo termo “Apostolo” para identicar sua função maioral e de liderança inquestionável sobre os demais pastores e bispos de sua denominação. Mera vaidade, e obviamente, sem fundamento bíblico.
Como a Igreja Deve Prosseguir Hoje?
Diante do ensino bíblico, a pretensão de alguns ao título de “apóstolo” hoje merece atenção. Quando analisamos à luz das Escrituras, percebemos que tal reivindicação não se sustenta. O ofício apostólico tinha uma função específica: lançar o fundamento da Igreja. Sua autoridade era única e intransferível.
Insistir na existência de apóstolos atuais, nos moldes de liderança dos Doze e de Paulo, gera confusão. Desvia o foco da suficiência das Escrituras e enfraquece o ministério pastoral, que foi devidamente estabelecido por Deus. A Igreja precisa, antes de tudo, de fidelidade ao ensino apostólico — não de novos apóstolos.
Em resumo, os apóstolos do Novo Testamento foram homens especialmente comissionados por Cristo. Eles lançaram o alicerce da Igreja, um trabalho concluído e inspirado pelo Espírito Santo. Hoje, não precisamos de novos apóstolos. Precisamos, sim, de pastores e mestres fiéis, que edifiquem a Igreja com base nesse fundamento.
Que possamos valorizar o legado apostólico preservado nas Escrituras Sagradas. A igreja moderna carece de líderes comprometidos com a verdade, não de novos títulos. Em Efésios 4:11-12, lemos que Deus concedeu pastores e mestres para o aperfeiçoamento dos santos.
Portanto, nossa tarefa é clara: estudar o Novo Testamento, ouvir ali a voz dos apóstolos e aplicar seus ensinos com fidelidade. Que você, leitor, permaneça firme nesse fundamento e cresça na fé, como um edifício sólido edificado sobre Cristo.
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