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Revelação Divina: Como Deus Se Faz Conhecido por Nós?

Deus, em Sua infinita grandeza, escolhe se comunicar com a humanidade, tornando conhecido o que, de outra forma, permaneceria oculto. Este artigo explora como Deus se revela, destacando as formas pelas quais Ele manifesta Sua verdade e vontade. Compreender a revelação divina é essencial, pois a fé cristã repousa no conhecimento que Deus concede de Si mesmo, e não em especulações humanas. A Bíblia, serve como guia para explorar esse tema, dividido em dois tipos principais: a revelação geral, acessível a todos, e a revelação especial, que aponta para a redenção. Vamos mergulhar nesse estudo com um coração aberto, buscando crescer na fé.

O Que É a Revelação Divina?

A revelação divina é o ato de Deus compartilhar conosco quem Ele é, Sua vontade e Seus propósitos. Sem essa iniciativa divina, não poderíamos conhecê-Lo, pois, como criaturas, nossa capacidade de compreender o Criador é limitada. A Bíblia ensina que Deus é a fonte de toda verdade. Em João 14.6, Jesus declara: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida.” Assim, todo conhecimento verdadeiro flui de Deus, como um rio nasce de uma nascente.

Por que precisamos da revelação? Porque, sem ela, estaríamos no escuro, incapazes de enxergar a glória de Deus. Assim como a luz física nos permite ver o mundo, a luz da revelação ilumina nossa mente e coração para conhecê-Lo. Esse processo não depende de nossa sabedoria, mas da graça de Deus, que remove o véu que nos separa d’Ele.

A Revelação Geral como Parte da Revelação Divina

Deus se revela a todas as pessoas por meio da criação, um processo chamado revelação geral. Essa manifestação é universal, alcançando cada ser humano, independentemente de cultura ou época. O Salmo 19.1 proclama:


“Os céus declaram a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos.”


Ao observar a ordem e a beleza do universo, o ser humano torna-se indesculpável; é impossível não perceber majestade do Criador.

Aristóteles (384–322 a.C.) desenvolveu o conceito de “Causa Final” e do Motor Imóvel (Unmoved Mover), mesmo sem fazer vinculação direta a Deus. O “Motor Imóvel” de Aristóteles, representava, segundo ele, uma causa primeira e eterna, uma inteligência perfeita que move todas as coisas não por força física, mas como objeto de desejo ou finalidade. Segundo o filósofo, essa inteligência ordena o universo e dá sentido ao movimento e à mudança. Enfim, a criação aponta para a existência de um Criador; e o homem é totalmente indesculpável diante da revelação geral.

Revelação Mediata: Deus Usa a Natureza

A revelação geral se manifesta de duas formas: mediata e imediata. A revelação mediata ocorre quando Deus usa um meio, como a natureza, para se comunicar. A criação não é independente; ela é um canal pelo qual Deus revela Sua glória. A beleza das estrelas ou a complexidade da vida refletem o cuidado do Criador.


Por exemplo, ao contemplar um pôr do sol ou a harmonia de um ecossistema, percebemos a grandeza de Deus. Essa revelação mediata é clara e acessível, mas não detalha o plano de salvação. Ela aponta para Deus, mas nos deixa com a necessidade de algo mais específico para conhecer Sua vontade redentora.


Revelação Imediata: Deus Fala ao Coração

A revelação imediata, por outro lado, não depende de um meio externo. Deus planta diretamente em cada pessoa um senso inato de Sua existência, chamado por alguns de sensus divinitatis. Romanos 2.15 explica que até aqueles sem a lei escrita “mostram a norma da lei gravada no seu coração”. Esse conhecimento interior se manifesta em nossa consciência, que distingue o certo do errado.

Essa revelação imediata nos dá um senso moral que reflete a santidade de Deus. Mesmo sem conhecer a Bíblia, as pessoas sentem a responsabilidade de viver justamente, evidenciando que Deus fala diretamente ao coração humano. Contudo, esse conhecimento é geral, não suficiente para a salvação.


Exemplo prático:

Imagine uma pessoa que cresceu em uma comunidade remota, sem acesso às Escrituras ou a uma igreja. Essa pessoa ainda pode sentir culpa ou vergonha ao mentir, roubar ou ferir alguém, mesmo que ninguém a tenha ensinado que essas ações são pecaminosas. Esse sentimento interno, que aponta para uma distinção entre certo e errado, reflete o que Romanos 2.15 descreve: “Eles mostram a norma da lei gravada no seu coração, testemunhando-lhes também a consciência e os seus pensamentos, que umas vezes os acusam e outras vezes os defendem.”


Teologia Natural: O Que Fazemos com a Revelação Geral

A teologia natural é o estudo humano do conhecimento de Deus obtido por meio da revelação geral. Diferentemente da revelação, que é a ação de Deus, a teologia natural é nossa tentativa de compreender o Criador pela observação da criação e da consciência. Romanos 1.19-20 sugere que esse conhecimento é suficiente para nos tornar “indesculpáveis” diante de Deus.

No entanto, 1 Coríntios 2.14 alerta que “o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus”. A teologia natural, portanto, nos dá um conhecimento intelectual, mas não substitui a necessidade da revelação especial para a salvação.

A Indesculpabilidade Humana na Revelação Geral

A revelação geral torna todos responsáveis diante de Deus. Romanos 1.20 continua: “De modo que são indesculpáveis.” Apesar de receberem evidências claras do poder e da divindade de Deus, muitos rejeitam essa verdade, escolhendo seguir seus próprios caminhos. Essa recusa não vem da falta de conhecimento, mas de um coração não regenerado.

Essa realidade nos ensina que a revelação geral, embora poderosa, não é suficiente para nos reconciliar com Deus. Ela nos aponta para o Criador, mas não revela o caminho da redenção. Para isso, Deus providenciou a revelação especial, que ilumina o plano de salvação.

A Revelação Especial como Parte da Revelação Divina

A revelação especial é o meio pelo qual Deus comunica Seu plano de redenção. Diferentemente da revelação geral, ela não está disponível a todos, mas é encontrada principalmente nas Escrituras. A Bíblia revela verdades que não podemos descobrir pela natureza, como a encarnação de Cristo, Sua morte na cruz e Sua ressurreição. Em 2 Timóteo 3.16, lemos:


“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino.”


A revelação especial é como uma luz que guia o peregrino em um caminho estreito. Ela nos mostra quem Deus é e como podemos nos relacionar com Ele. Por meio da Bíblia, Deus fala com clareza, oferecendo esperança e direção para a vida eterna.

Meios da Revelação Especial no Antigo Testamento

No Antigo Testamento, Deus usou diversos meios para se revelar. Ele falou diretamente com patriarcas como Abraão e Moisés, apareceu em teofanias, como a sarça ardente (Êxodo 3.2-4), e enviou profetas para transmitir Sua palavra. Os profetas, como Isaías e Jeremias, declaravam: “Assim diz o Senhor”, mostrando que suas mensagens vinham diretamente de Deus.

Outros meios incluíam sonhos, como os de José (Gênesis 37.5-9), e sinais, como os concedidos a Gideão (Juízes 6.36-40). Esses métodos confirmavam a presença e a vontade de Deus, guiando Seu povo em momentos cruciais.

Identificando Profetas Verdadeiros

Como saber se um profeta falava em nome de Deus? No Antigo Testamento, três critérios eram usados. Primeiro, o profeta precisava demonstrar uma chamada divina clara, como Moisés na sarça ardente. Segundo, milagres frequentemente autenticavam seu ministério, embora nem todos os profetas os realizassem. Terceiro, suas profecias deviam se cumprir, conforme Deuteronômio 18.22: “Se o que o profeta falar não se cumprir, não foi o Senhor quem falou.”

Esses testes protegiam o povo de falsos profetas, garantindo que apenas a verdadeira palavra de Deus fosse seguida. Assim, a revelação especial era confiável e autoritativa.

A Revelação Especial no Novo Testamento

No Novo Testamento, os apóstolos assumiram o papel dos profetas, sendo comissionados diretamente por Cristo. Efésios 2.20 descreve a igreja como edificada “sobre o fundamento dos apóstolos e profetas”. Os apóstolos, como Pedro e Paulo, receberam autoridade para ensinar em nome de Jesus, e suas palavras formaram o Novo Testamento.

Paulo, por exemplo, foi chamado diretamente por Cristo na estrada para Damasco (Atos 9.3-6). Suas cartas, inspiradas por Deus, guiam a igreja até hoje. Assim, o Novo Testamento completa a revelação especial, registrando a obra de Cristo e Suas instruções para a igreja.

Jesus Cristo: A Revelação Suprema

A revelação divina alcança seu ápice em Jesus Cristo, a Palavra encarnada. Hebreus 1.1-2 declara:


“Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho.”


Jesus não apenas transmite a mensagem de Deus; Ele é a mensagem, a plena revelação do Pai. Por meio de Cristo, conhecemos o coração de Deus. Ele é o caminho para a salvação, revelado nas Escrituras. João 5.39 afirma: “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas que testificam de mim.” Assim, a Bíblia aponta para Jesus como a culminação da revelação divina.

Conhecendo Deus pela Revelação

A revelação divina é o fundamento da fé cristã. A glória de Deus na criação e em nossa consciência, se faz conhecida pela revelação geral, tornando-nos responsáveis por reconhecê-Lo. A revelação especial, encontrada na Bíblia, revela o plano de salvação, guiando-nos à vida eterna. Finalmente, Jesus Cristo, a Palavra encarnada, é a revelação suprema, mostrando-nos o amor e a graça de Deus.

Portanto, estudar a revelação divina é um convite a crescer no conhecimento de Deus. Que possamos buscar na Bíblia a verdade que nos leva a Cristo, confiando em Sua palavra para nos guiar. Que a luz da revelação divina ilumine seu caminho enquanto você aprofunda sua fé!


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